Por que racismo reverso é uma criação no mundo branco?
- Daniel Silva
- 25 de ago. de 2020
- 2 min de leitura
Para entendermos melhor o texto, começarei com uma pergunta. Por que é mais fácil para algumas pessoas identificar o racismo reverso, mas não enxergam o racismo nas estruturas da sociedade?

Segundo o dicionário a palavra RACISMO pode ser um “sistema doutrinário ou político que estabelece a exaltação de uma raça, em detrimento das demais” ¹. Logo o racismo reverso parte da ideia de o negro ser racista com o branco, ou oprimir a pessoa branca em função da cor.
Muito baseado na ideia de Gilberto Freyre de que no Brasil não existe racismo, pois somos o país da democracia racial, a ideia que nossas raças se misturam naturalmente e que nega a verdadeira historia da escravidão brasileira. O racismo reverso é disseminado por pessoas que não acreditam no racismo aplicado historicamente contra a população negra. Essas mesmas pessoas sempre que veem o individuo negro se auto afirmando ou denunciando o racismo dentro da sociedade, rapidamente o acusam de racismo reverso. Ora se as pessoas não acreditam na existência do racismo, como poderia então haver um racismo reverso?
Criados com uma cultura do negacionismo, que negou a existência do racismo durante séculos na sociedade brasileira, tentam inverter os papeis de acusados para vitimas, dai então surge essa criação do racismo reverso.
Segundo a reportagem do site BuzzFeed houve um caso muito emblemático no estado de Goiás, onde um jovem foi acusado de racismo reverso pelo ministério publico, por ter algumas frases em suas redes sociais, uma delas foi “nojo de Branco”. Em sua decisão o juiz João Moreira Pessoa de Azambuja, da 11ª Vara da Seção Judiciaria de Goiás, que inocentou o jovem, diz que “racismo não existe”. E na sentença colocou a seguinte frase:
"Diante de tal cenário histórico e social, o conceito de racismo reverso se constitui de evidente equívoco interpretativo. Não existe racismo reverso, dentre outras razões, pelo fato de que nunca houve escravidão reversa, nem imposição de valores culturais e religiosos dos povos africanos e indígenas ao homem branco, tampouco o genocídio da população branca, como ocorre até o hoje o genocídio do jovem negro brasileiro. O dominado nada pode impor ao dominante" ².
Portanto finalizo dizendo que só conseguiremos acabar com o racismo e o preconceito de fato, quando o aceitarmos como um problema da sociedade, sem querer sair da posição de acusado e ir para o lugar das vitimas, mas olhando a história tão triste e sangrenta que houve no Brasil, com esse povo que não deu apenas o seu suor, mas tiveram suas vidas e seus corpos roubados e usados para o tal “progresso” brasileiro. Não aceitemos o racismo prevalecer na sociedade e com passos juntos e mãos dadas caminhemos na tentativa de reescrever uma nova historia para esse país.
Desenrola, por Daniel Silva, é a primeira coluna do Mobiliza o Rolê!
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