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Enem 2020 supera o vazamento de 2009 em problemas

Atualizado: 9 de abr. de 2020

As matrículas para quem foi aprovado no SiSU 2020 já começaram, mas muito se engana quem pensa que isso deve acalmar os corações dos vestibulandos: milhares de pessoas reclamam que sofreram injustiças no processo.


É verdade que o ENEM e o SiSU são grandes projetos que demandam um esforço gigantesco em logística e segurança. Sabemos disso pois todo ano lemos notícias sobre um ou outro erro nas provas, aplicação ou correção do ENEM e instabilidade nos servidores do INEP, nada anormal para um processo com 5 milhões de participantes.

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Até o começo deste mês o maior escândalo que acometeu o ENEM foi o vazamento das provas em 2009, mas neste ano vimos problemas muito menores se transformarem numa bola de neve que engoliu o ministro da Educação, Abraham Weintraub, recebendo críticas até mesmo do presidente Bolsonaro (sem partido), ele comentou a situação “Está complicado”. Mas o que explica a diferença de proporção entre 2009 e 2020 se os problemas na década passada foram muito mais graves?


Transparência


Em 2009 o Estadão avisou o MEC na manhã do dia 1º de outubro que tinha evidências que a prova do ENEM tinha vazado, em seguida publicou a matéria e o escândalo estava consolidado. Não é pra menos, foi o primeiro grande erro da prova depois que o ministro Fernando Haddad (PT) reformulou o exame e tornou possível o ingresso na universidade via SiSU.


Na noite do mesmo dia o ministro foi à televisão e anunciou o adiamento do ENEM para dezembro. Foi caótico? Sim, milhões de estudantes que estavam se preparando para a prova tiveram que mudar as rotinas de estudo para garantir o ritmo por mais 45 dias. Mas aprendemos neste ano que podia ter sido pior.

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Abraham Weintraub, segundo ministro da Educação do governo Bolsonaro

Em 2020 a história foi diferente, apesar do problema constatado atingir menos de 6 mil candidatos, todos 5,1 milhões de pessoas ficaram à deus dará por vários dias.


Após a divulgação do resultado desta edição, foram constatados erros nas médias relacionadas as disciplinas de Ciências da Natureza e Matemática. Vários candidatos com mais de 30 acertos (cerca de 67% das questões) tiveram notas inferiores a 400 pontos (40%) e mesmo aplicando a pior das hipóteses na Teoria da Resposta ao Item (TRI), metodologia de pontuação do ENEM, não era possível obter esse resultado.


Rapidamente as redes sociais foram bombardeadas de casos similares e a mídia já especulava sobre erros na correção. Apenas no outro dia (18.jan) o MEC comunicou aos estudantes que realmente houve inconsistências na correção do exame e solicitou que quem se sentiu prejudicado deveria enviar um email ao ministério. Nem mesmo um formulário foi disponibilizado. As inscrições do SiSU começavam em uma semana e também não foram adiadas.


Eis a primeira diferença entre 2009 e 2020, o ministério demorou a anunciar os erros, mesmo que o de 2009 tenha sido um muito maior. O segundo erro de Weintraub foi não estabelecer um canal formal para atendimento, afinal o MEC deve ter recebido milhares de mensagens nos mais diversos formatos e com as mais diversas informações, criando uma confusão ainda maior.


O Ministério Público Federal (MPF) solicitou que a Justiça Federal suspendesse os calendários do SiSU, do ProUni e do Fies para que os erros fossem corrigidos e todas provas pudessem receber nova pontuação (pois o TRI traz pequenas alterações de nota de acordo com o desempenho dos outros candidatos). Nada feito, o governo recorreu e o SiSU abriu as inscrições, apesar de aumentar o prazo em 2 dias.

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O vai e vem jurídico que se decorreu nos próximos dias confundiram milhões de estudantes e o MEC tratava a situação com total normalidade, publicando boletins de número de inscrições e comemorando o "melhor ENEM de todos os tempos". A petulância durou pouco, pois a Justiça suspendeu a divulgação dos resultados do SiSU com a justificativa de que o MEC não explicou como corrigiu o problema e não foi transparente quanto a situação dos candidatos. O MEC novamente não emitiu comunicado e várias universidades alteraram calendários ou desistiram de usar o Sistema Unificado.


Desfecho


Todo erro no ENEM prejudica muitas pessoas, o que é indispensável é que as pessoas saibam o que aconteceu e como proceder. Em 2009 o processo continuou e foi bem sucedido, apesar de algumas baixas na participação. Em 2020 os processos foram caóticos e movimentos de judicialização contra o MEC têm crescido muito nas redes sociais, além disso algumas universidades tiveram que alterar as datas de matrícula, prejudicando alunos que precisam viajar para fazer a matrícula.


A lição que fica é a mesma que muitos terapeutas de casal podem dar para crises conjugais: comunicação é tudo.

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